O que temos na edição de hoje?
🇧🇷 A “sindemia” do Brasil
🇨🇳 China exigindo certificados de quem cria conteúdo em rede social
🤖 ChatGPT (sim, de novo) e novos dados sobre saúde mental
✍ Projeção de falta de profissionais até 2030 feita pela OMS
Dados e saúde mental
Brasil enfrenta uma "sindemia" e os dados mostram o tamanho do desafio

Imagem: Philippe Bout / Unplash
Um estudo aprofundado acaba de traçar o retrato mais nítido do nosso tempo: o Brasil não vive apenas uma crise, mas uma "sindemia" de saúde mental, onde fatores biológicos, sociais e ambientais se cruzam.
A pandemia acelerou o processo, mas os números mostram que tudo é mais profundo e estrutural.
Relembrando o desafio em números:
No topo do ranking: o Brasil é o país com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo e o quinto em taxas de depressão.
Aumento explosivo na demanda: entre 2018 e 2023, os atendimentos por transtornos de ansiedade no SUS cresceram 240%.
Mulheres mais afetadas: cerca de 10,27% da população adulta brasileira (16,3 milhões de pessoas) apresentou sintomas de depressão em 2019, com as mulheres tendo três vezes mais chances de serem diagnosticadas.
O abismo entre quem precisa e quem cuida: o sistema de saúde, público e privado, não está dando conta. Existe um "vazio assistencial" que sobrecarrega profissionais e deixa milhões sem tratamento.
Sobrecarga no SUS: falta 23% de profissionais psiquiatras necessários nos CAPS. Cada profissional da rede pública atende, em média, 1.200 pacientes por ano, contra 400 no setor privado.
Foco em medicação: no setor privado, 89% dos atendimentos são consultas médicas com foco em prescrição de remédios, enquanto apenas 11% são sessões de psicoterapia.
Abandono terapêutico: quase 79% dos brasileiros com sintomas depressivos não receberam tratamento em 2013. Nas regiões Norte e Nordeste, esse número ultrapassa 86%.
Novas fronteiras: da clínica à empresa.
Para você, profissional, entender as novas tendências é fundamental para se posicionar.
A visão do "espectro": a abordagem dimensional (como no TEA ou nos espectros de humor e ansiedade) ganha força sobre a categorização clássica, permitindo tratamentos mais individualizados e precisos.
A NR-1 é uma mudança de chave: como já falamos por aqui, a partir de 2026, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) obrigará empresas a gerenciar riscos psicossociais (assédio, sobrecarga). Isso transforma a saúde mental em uma responsabilidade jurídica corporativa e abre um campo de atuação imenso para profissionais da psicologia em palestras, consultorias e programas de prevenção.
Esses dados não são apenas números; são um mapa de onde estamos e para onde podemos ir.
Para se aprofundar, porque aí você pode chegar às suas próprias conclusões.
Para você ler enquanto procrastina
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Tecnologia ❌ saúde
Mais de 1 milhão de pessoas por semana sinalizam intenção suicida ao ChatGPT

Imagem gerada por IA
A OpenAI acaba de revelar um número que dimensiona o papel da IA na crise de saúde mental: mais de um milhão de pessoas usuárias do ChatGPT, semanalmente, enviam mensagens com "indicadores explícitos de potencial planejamento ou intenção suicida".
O dado é parte de uma análise que a empresa divulgou em meio a um escrutínio legal, incluindo um processo movido pela família de um adolescente que cometeu suicídio após interagir com o chatbot.
Embora a OpenAI classifique essas conversas como "extremamente raras", a base de 800 milhões de pessoas usuárias ativas semanais transforma qualquer pequena porcentagem em um número absoluto gigantesco.
Emergências de saúde mental: além do risco de suicídio, cerca de 560.000 pessoas (0,07%) demonstram sinais de psicose ou mania a cada semana.
Dependência emocional: outras centenas de milhares (0,15%) mostram sinais de dependência emocional da própria inteligência artificial.
Diante da pressão, a empresa atualizou seu modelo (GPT-5), consultando mais de 170 clínicos — profissionais da psiquiatras e da psicologia — para refinar as respostas em situações críticas.
Segundo os especialistas, a nova versão reduziu entre 39% e 52% as "respostas indesejadas" em comparação com o modelo anterior, o GPT-4o.
O sistema também foi treinado para não validar delírios ou crenças prejudiciais da pessoa usuária.
Esse estudo mostra a escala da crise de saúde mental e o lugar que a tecnologia passou a ocupar na vida das pessoas.
Não que tivéssemos qualquer dúvida, mas, a cada avanço da tecnologia, a intervenção humana, qualificada e ética, se mostra cada vez mais necessária.
Para se aprofundar no estudo, porque eles relataram tudo o que fizeram.
Combate a fake news
Na China, influenciador agora precisa de diploma para falar de saúde

Unplash
A China lançou a braba para o mercado de influência: para falar sobre temas técnicos como medicina, direito, finanças e saúde, é preciso apresentar o diploma.
A nova regulamentação, que já está em vigor, exige que quem cria conteúdo comprove a própria formação ou qualificação profissional antes de publicar vídeos ou posts sobre esses assuntos.
O objetivo é direto: reduzir a desinformação. Quem não cumprir a regra pode enfrentar multas pesadas e até a suspensão da conta.
Já pensou se isso acontece no Brasil? Do LinkedIn ao Instagram, passando pelo TikTok, Substack e YouTube, muita gente ia ficar sem ter sobre o que criar.
Ou então sobre o que estudar, já que teria que apresentar o diploma.
Vida autônoma na saúde
OMS estima um déficit projetado de 11 milhões de profissionais de saúde até 2030
Desta vez, trouxemos um dado alarmante da Organização Mundial da Saúde.
A instituição estimou um déficit projetado de 11 milhões de profissionais de saúde até 2030, principalmente em países de baixa e média renda.
O desafio de acesso é tanto que, em alguns países, profissionais de saúde também podem resultar da falta de capacidade do setor público para absorver a oferta de profissionais de saúde devido a restrições no orçamento.
Como resultado, alguns países enfrentam o paradoxo do desemprego entre profissionais de saúde com grandes necessidades de saúde não atendidas.
Nos vemos na próxima semana?
→ Estaremos por aqui toda quarta-feira.
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